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terça-feira, 4 de junho de 2013

Carteira Recomendada – Trimestre Jun/Jul/Ago de 2013


Neste trimestre, peço desculpas, pois a Carteira Recomendada pelo Método GRIFO para o Trimestre Jun/Jul/Ago de 2013 acabou sendo publicada com um pequeno atraso, ainda fruto do passivo deixado por minha viagem de férias (quanta saudade...).

Até aqui, o objetivo de superar o principal índice referencial do Mercado de Ações brasileiro, o Ibovespa, vem sendo cumprido com louvor. Concluímos quatro Carteiras Trimestrais acima do índice, superando com folga o Ibovespa numa média de 2,8 pontos percentuais por mês.

Recentemente, realizamos pequenas mudanças nos filtros utilizados pelo Método GRIFO, com dois objetivos principais: eliminar empresas com menor eficiência, e aumentar a diversificação da carteira, aumentando o número de empresas que a compõem (e escolhemos relaxar o critério de solvência das empresas para esse efeito).

Vimos na postagem anterior com o Resultado Final do Trimestre Mar/Abr/Mai de 2013 que o primeiro objetivo foi perfeitamente atendido, contribuindo para aumentar a lucratividade da carteira. Em compensação, o relaxamento dos filtros quanto a solvência não foi suficiente para cumprir o objetivo de aumentar o número de empresas componentes da carteira. Como consequência desse insucesso, o número de ativos diferentes voltou a cair para dezessete neste trimestre, diminuindo a diversificação, inclusive setorial, de nossa Carteira Recomendada; o que, por sua vez, aumenta o risco de variações mais amplas, tanto positiva quanto negativamente.

No entanto, decidimos por não alterar novamente os filtros, admitindo essa redução. Em decorrência disso, seis papéis deixaram a Carteira Recomendada pelo Método GRIFO, dando lugar a apenas três substitutos.

Deixaram a carteira neste trimestre os seguintes papiros: Copel (CPLE3), Grendene (GRND3), Klabin (KLBN4), Petrobras (PETR3), Pine (PINE4) e Companhia Providência (PRVI3). Chegaram para compor a Carteira Recomendada: Kepler Weber (KEPL3), Petrobras (PETR4) e Paraná Banco (PRBC4). Explicaremos os motivadores de cada uma.

Começando pela Copel (CPLE3), que teve uma curta, mas proveitosa passagem pela nossa carteira. Essa empresa foi uma grande dúvida. Alguns dos filtros utilizados no Método GRIFO são alterados por parâmetros de mercado, como a taxa Selic, por exemplo. Com o aumento dessa taxa, alguns critérios ficam mais exigentes. Com isso, a Copel acabou não passando, por pouco, em alguns desses filtros, mesmo tendo melhorado seus múltiplos relativos a esses critérios do 4T12 (base para a composição do trimestre Mar/Abr/Mai de 2013) para o 1T13 (base para a composição deste trimestre). Então foi um caso até então inédito em que, apesar da melhora dos indicadores da empresa, ela acabou ficando de fora pelo enrijecimento dos filtros utilizados, com influência dos fatores econômicos do momento.

A segunda empresa, a Grendene (GRND3) também foi um corte cruel. Foi duro praticar o desapego e tirar da Carteira GRIFO a ação mais vitoriosa que já tivemos. A Grendene nos proporcionou nas quatro carteiras em que esteve presente (desde o início do blog) um lucro acumulado equivalente a 95,4%. E esse número é ainda muito maior considerando todo o tempo que a tenho em carteira, antes mesmo do blog. Mas sua cotação cresceu num ritmo acelerado e seus múltiplos começam a ficar mais equilibrados. Com a Grendene não sendo mais uma barganha, o Método GRIFO determina que o dinheiro seja alocado em outras oportunidades encontradas. Warren Buffett já disse que “é muito melhor comprar uma maravilhosa empresa a um preço justo que uma empresa medíocre a um preço maravilhoso”. Concordo com ele e, nesse sentido, a Grendene seria mantida. No entanto, pretendo ser fiel ao Método GRIFO, já que um dos objetivos do blog é testar a sua eficiência. E como faço esse teste na prática também, com minha carteira real, tive que dizer adeus à Grendene...

A Klabin (KLBN4) teve uma queda muito expressiva de seu lucro no 1T13 em relação ao mesmo período do ano anterior, o que acabou elevando seus múltiplos e também a tirando dos filtros do GRIFO.

A Petrobras (PETR3/PETR4) tem uma história diferente. Na verdade, a análise é realizada em cima da empresa, e não de cada classe de ação da mesma empresa. No entanto, após a seleção da empresa, existem alguns parâmetros que vão me orientar quanto a qual classe de ação escolher. A Petrobras continua na carteira deste trimestre. A troca da PETR3 pela PETR4 foi motivada por oportunidade de arbitragem (spread) detectada entre essas ações. A notícia da diferenciação dos dividendos que seriam distribuídos entre essas duas classes de ações da Petrobras, menos de um mês antes da definição da Carteira do Trimestre Mar/Abr/Mai de 2013, fez com que a PETR3 despencasse. Como normalmente as primeiras reações do mercado são exageradas, detectou-se que a diferença que existia naquele momento entre as duas classes de ações deveria diminuir, havendo uma valorização da PETR3 em relação à PETR4. No final de fevereiro, a diferença de cotação entre as duas ações era de 11,8%. Ao fim de maio, essa relação já havia sido reduzida para 5,7%, evidenciando o exagero inicial do mercado, como havíamos suposto. Agora, passados quase quatro meses do anúncio, acreditamos que essa relação já tenha se estabilizado nesse novo patamar. Sendo assim, optou-se pela troca pelas ações preferenciais, com maior Dividend Yield. E a Petrobras fica mantida na carteira.

Por último, o Banco Pine (PINE4), voltou a apresentar queda de receita, e sua evolução nesse quesito nos últimos anos vem ficando abaixo de outras empresas do Setor Financeiro. Por esse motivo, também foi excluído da carteira.

Quanto aos novos entrantes, temos a Kepler Weber (KEPL3), retornando à Carteira GRIFO após ficar um trimestre de fora por questões de liquidez do papel, que estava sendo pouco negociado, ficando abaixo da linha de corte desse filtro do Método GRIFO. Apesar da grande valorização desse papel nos últimos meses, seus múltiplos ainda são bastante atrativos e a empresa vive um cenário muito favorável. O setor agrícola está com volumes de safra recordes, e a infraestrutura e a logística para o escoamento dos grãos continuam apresentando sérios gargalos. Como não se vislumbra, pelo menos no curto prazo, a resolução dos problemas de infraestrutura que reduzem a capacidade de escoamento da safra no Brasil (portos, rodovias, etc.), a solução mais rápida é aumentar a capacidade de estocagem. Isso poderá trazer um aumento ainda maior na demanda por silos de armazenagem. Ainda para melhorar, o governo anunciou recentemente que irá destinar uma linha de financiamento para investimentos em armazenagem voltada aos produtores rurais, com taxas bastante atrativas.

A Petrobras (PETR4) já foi debatida acima, então, resta-nos o Paraná Banco (PRBC4), que tem mostrado evolução em seus resultados e, ajudado por uma queda recente de cerca de 10% no preço de suas ações, tornou-se atrativo aos critérios do Método GRIFO.

Vejamos como ficou a Carteira Recomendada do Trimestre:

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A relação P/L média da Carteira Recomendada para este trimestre, pela primeira vez, teve uma redução, caindo de 9,2 no trimestre anterior para 8,9 neste. O P/L médio das ações componentes do Ibovespa, apesar da queda do índice nos últimos cinco meses, também caiu, de 13,0 para 12,7, refletindo a acentuada queda de lucros nas empresas componentes do índice. Observamos com isso novo aumento de nossa “margem de segurança”, com nosso P/L médio 30% menor que o do Ibovespa.

Neste trimestre, a Carteira Recomendada pelo Método GRIFO perde em diversificação. O número de setores da economia representados caiu de nove para sete. E os dois setores dominantes da carteira aumentaram sua participação relativa. O Setor Financeiro, segundo mais representativo, aumentou sua participação de 25,0% para 29,4% com a manutenção de cinco empresas desse setor (somente com a troca dos bancos Pine pelo Paraná). Já o Setor de Construção e Engenharia, que detém a maior representação da carteira, aumentou sua participação de 35,0% para 41,2%, com a manutenção das sete empresas desse setor. Todos os outros cinco setores (Energia Elétrica, Máquinas e Equipamentos, Mídia, Mineração e Petróleo, Gás e Biocombustíveis) tem somente um representante na carteira, o que corresponde a 5,9% para cada setor. Os setores de Madeira e Papel, Materiais Diversos e Tecidos, Vestuário e Calçados não tem mais representantes na carteira deste trimestre, e o Setor de Energia Elétrica, que correspondia a 10,0% da carteira, também perdeu participação com a saída da Copel.

Vejamos o gráfico de concentração setorial: 

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Com essa diminuição da diversificação, temos pouco mais de 70% da carteira concentrada em dois setores da economia, situação parecida com a ocorrida no trimestre Set/Out/Nov de 2012. Essa configuração concentrada aumenta o risco da carteira e sua possibilidade de descolamento do Ibovespa, mas o aumento da margem de segurança com a diminuição do P/L da carteira acaba por contrabalancear um pouco esse risco (as ações já estão baratas), embora o mau humor do Sr. Mercado sempre possa ficar ainda pior. Veremos os resultados em três meses.  

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