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quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Método GRIFO – Estratégia de Investimento

Motivado pelo primeiro comentário recebido no blog, resolvi fazer uma postagem explicando um pouco melhor a estratégia de investimento que compõe o Método GRIFO.

O Método baseia-se em simples análise fundamentalista de múltiplos. Apoia-se no princípio de que não é necessário o pleno conhecimento das atividades das empresas em que se deseja investir, tampouco uma investigação minuciosa de sua estrutura ou do setor da economia onde atua, não sendo necessárias projeções ou previsões, e sendo suficiente somente o estudo de seus dados contábeis e preços de negociação (estudo dos chamados múltiplos fundamentalistas).

Alguns dos investidores de maior sucesso na história, como Kenneth Fisher, James P. O’Shaughnessy e Martin Zweig são defensores dessa teoria e, baseando-se nela, seus investimentos conseguiram rendimentos históricos notáveis.

Porém, apesar do sucesso desses investidores e da boa fundamentação da teoria, ela foi escolhida por um motivo mais simples. A razão de sua escolha foi porque era a teoria que melhor se encaixava dentro do tempo de que eu dispunha para me dedicar aos investimentos em Bolsa de Valores.

Pois bem, de posse dos múltiplos das empresas negociadas na Bolsa de São Paulo, o GRIFO começa realizando a eliminação de vários papéis, por critérios diversos: liquidez muito baixa, pequeno volume de receita ou crescimento decrescente, endividamento elevado, P/L, P/VP ou PSR altos demais, dentre outros.

Passada a rodada eliminatória, normalmente restam não mais do que trinta empresas. Essas empresas recebem então pontuações de acordo com seus parâmetros para alguns múltiplos (como Dividend Yield, P/Capital de Giro, EV/EBIT, ROIC, etc.). Em seguida, são ordenadas. Dessa ordenação que eu retiro as vinte empresas que compõem as Carteiras Recomendadas, que são divulgadas trimestralmente aqui no blog.
Já as minhas operações reais não precisam ser realizadas necessariamente em períodos trimestrais. Sempre que sobra dinheiro na conta, aplico o Método GRIFO e compro a primeira colocada da lista.

A estratégia mais apropriada para a utilização do Método GRIFO é mesmo o “Buy and Hold”, já que o GRIFO busca fazer uma análise de valor das empresas por meio de seus múltiplos. Portanto, estou sempre comprando e minhas vendas acontecem só ocasionalmente, quando há grande euforia do mercado e os múltiplos ficam demasiadamente esticados, ou quando ocorrem mudanças na saúde da empresa (quando aumenta muito o endividamento, ou a empresa começa a registrar prejuízo, etc.). Aí, o GRIFO sinaliza que é hora de se desfazer daquele ativo.

2 comentários:

  1. Rodrigo,
    duas perguntas:

    1ª) Não pretendo dividir meu pequeno capital em 20 partes para cobrir toda a carteira, então havia pensado em entrar em algumas e, assim que sobrar $, comprar mais uma. Você colocou que segue a primeira colocada da lista. Então vamos lá: quais são as primeiras colocadas? Tem como manter isso em ranking, ou é dinâmico demais? A carteira eu só vejo em ordem alfabética.

    2ª) Para saídas, você vai indicar quando os "múltiplos estariam demasiadamente esticados"?

    Abraços

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    Respostas
    1. Olá, Marcelo

      Respondendo às suas perguntas:

      1ª) A diversificação é um ingrediente chave para o Método GRIFO. Ele seleciona empresas com bons fundamentos, mas que por algum motivo não estão sendo reconhecidas pelo Mercado de Ações. Mas não há como precisar quando o Sr. Mercado vai abrir os olhos praquelas empresas e nem mesmo se isso vai ocorrer. O Método também não faz uma investigação a fundo das empresas, e acontece de empresas ruins estarem com indicadores bons devido a eventos não recorrentes. Isso tudo aumenta muito o risco de comprar somente uma ação.
      A composição ótima seria de, no mínimo, 10 ações.

      Eu acabo por seguir a primeira colocada por dois motivos. O primeiro é o mesmo colocado por você: a restrição de capital, que só me permite comprar um ou dois lotes de ações por vez. O segundo é que isso acaba por cumprir seu objetivo de diversificação mesmo assim, pois como o cenário é dinâmico e minhas compras ocorrem quase que mensalmente, cada vez compro uma empresa diferente. Comecei a investir há cerca de 10 meses segundo o Método GRIFO com 8 empresas diferentes e hoje já tenho 13 papéis em minha carteira.

      Agora, objetivamente, respondendo às suas questões:
      • As primeiras colocadas hoje são: Banco do Brasil (BBAS3), Daycoval (DAYC4), Rossi Residencial (RSID3), Eternit (ETER3) e Random (RAPT4), nessa ordem.
      • A princípio, não vou manter essa informação no ranking, pois ela é mesmo muito dinâmica. E também não é muito relevante, já que o Método não busca escolher aquela empresa com a melhor condição e sim uma carteira diversificada de empresas com bons fundamentos, mas desvalorizadas no mercado.

      2ª) Sim, farei as indicações. Pretendo fazer dois tipos de acompanhamento no blog.

      O primeiro deles, bastante próximo da aplicação ideal do Método GRIFO, será o acompanhamento da Carteira Acumulada, como se em cada trimestre eu comprasse essas vinte empresas e as fosse acumulando. Nesse caso, sempre que uma empresa componente da carteira atingir um critério de venda, eu publicarei o fato no blog.

      O segundo, apenas para simulação e curiosidade, vai ser o acompanhamento das Carteiras Trimestrais, considerando que se fará a compra e venda dessas ações a cada três meses. Nesse caso, as vendas serão ao fim do trimestre, independente do resultado.

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